BENÍ MOURA

A arte de Bení Moura é incômoda – “povera”. Seus objetos são o resultado da busca arqueológica da regionalidade na construção do monumento à dignidade do colo, do cultus, da própria origem da cultura. Neles o símbolo impõe-se com rudeza, para provocar as sensações táteis e revelar aos poucos o requinte das cores da terra em luminosidade raras sobre a aspereza da textura. Ao captar o olhar nas dobras e nos vãos do suporte esgarçado, o símbolo prende o espectador na armadilha do seu próprio duplo ancestral – o homem feito de barro. Quanto ao sopro de vida, corre pôr conta e risco de cada um.

Mariza Bertoli
Conselheira da Sociedade Científica de Estudos da Arte